domingo, 26 de abril de 2015

TATTOO COLLECTOR - COLECIONADORES DE TATUAGENS

Algumas pessoas colecionam, sapos, corujas, pinguins, discos de vinil, carros antigos e tantas outras coisas. Mas você já ouviu falar de colecionadores de tatuagens?

Sim eles existem e não estou falando de figuras como Dr. Masaichi Fukushi, o médico japonês que colecionava peles tatuadas no início do Séc XX para a Universidade de Medicina de Tóquio.

Os colecionadores modernos, ou Tattoo Collectors, são aficionados pela arte da tatuagem e a custa de muitas agulhadas vão transformando seus corpos em verdadeiros museus com obras de vários artistas. Alguns chegam a gastar milhares de dólares percorrem os cinco continentes em busca de grandes nomes da tatuagem mundial para marcar seus corpos.

Um exemplo é o produtor musical Yal Quiñones de Porto Rico é um dos mais conhecidos colecionadores Internet afora. Ele carrega nada mais nada menos que trinta trabalhos de grande porte feitos por grandes nomes da tatuagem mundial. Já marcaram sua pele nomes como Vitor Portugal, Freddy Negrete, Paul Both e Filipe Leu. Uma coleção variada e de muito peso artístico.

Outro nome bastante respeitado é o colecionador Yoshi1023. Amigo pessoal do mestre japonês Horiyoshi III, há alguns anos viaja 6 horas, duas vezes por semana para completar seu Full Body Suite com o mais importante tatuador oriental. As tatuagens do simpático Yoshi1023 são multi-premiadas e já ganharam importantes convenções com a de Londres e a do Havaí.

Formando uma verdadeira comunidade os Tattoo Collectors, são ligados por três preceitos básicos “Afinidade, Afiliação e Significação, como aponta D. Angus Sail da Universidade de Connecticut em seu artigo “Tattoos are like potato chips ... you can’t have just one: the process of becoming and being a collector”. Diferente do perfil da maioria dos tatuados que marcam seu corpo com pequenas tatuagens com algum significado, eles dão preferência a trabalhos de grande porte onde o artista tem a liberdade de desenvolver um trabalho autoral de apelo puramente estético.

Os principais ponto de encontro desse clube de tatuados além das convenções e estúdios famosos ao redor do mundo é a Internet. Através de sociais como Facebook, Instagram e Pinterest ele trocam informações e divulgam as artes marcadas em seu corpo. Perfis como @tattooaddiction e @tattoocollector são parada obrigatória.

Aos poucos por estas bandas começam a aparecer alguns tatuados que se encaixam como colecionadores o que é muito bom para o desenvolvimento da Arte em nossa região.

E ai, que acha de começar você também uma coleção de tatuagens?



Dr. Masaichi Fukushi e sua Coleção de peles tatuadas.

Yal e Yoshi dois conhecidos colecionadores.


Back Piece do Yal com trabalho de artistas do porte de Filip Leu.


Ps: para conhecer melhor faz uma visita ao perfil de alguns desses colecionadores:
@yoshi1023
@yallzee
@comptondavid



Vale a pena conferir esse video da Sullen TV:










domingo, 19 de abril de 2015

TATUAGEM JAPONESA - PARTE I / HISTÓRIA

A tatuagem apareceu muito cedo na história do Japão, viajantes chineses que aportaram no arquipélago durante o período Yayoi (300 D.C -300D.C) registraram as estranhas pinturas corporais dos nativos.

O povo Ainu, habitantes primitivos do norte do Japão, costumavam tatuar seus lábios e mãos marcando sua posição social no grupo.

Durante os períodos Kabum, Tenna ( Sec XVII) e Edo a tatuagem ganhou um aspecto negativo na sociedade japonesa, sendo usada como punição para criminosos. O bokkei ,marcas feitas a tinta no corpo, indicavam os tipos de crime praticados por seu portador e eram feitas por um tatuador oficial do estado. 


Muitos fascinoras terminavam por cobrir suas marcas prisionais com outros desenhos, numa tentativa de esconder seu passado. Temas como os Guerreiros do Suikoden, uma tradicional lenda chinesa se tornaram populares no Irezumi com era chamada pejorativamente a tatuagem. A famosa máfia Yakusa toma para si as tatuagens com simbolo de bravura e virilidade.

Com o florescer cultural do período Edo e a popularização da arte do Ukiyo-ê, temas como dragões, carpas, gueixas, seres místicos e samurais foram incorporados ao repertório e agora bombeiros,trabalhadores braçais, pequenos artesãos, mafiosos e ronins também aderiam a arte da tattoo. Nesse período surgiram grandes inovações técnicas, e os tatuadores passaram a ser considerados verdadeiros mestres da arte.

Entretanto devido ao preconceito com os praticantes da arte o governo japonês baixou um decreto no final do Séc. XVIII considerando tatuagem um crime possível de punição com banimento para o tatuador e o tatuado. Até o período Meiji a tatuagem passou pós momentos de proibição e aceitação por parte das autoridades. Nesta época os primeiros navegadores europeus que chegaram ao Japão ficaram impressionados com as tatuagens e pressionaram o governo a liberá-las para estrangeiros. Personagens da nobreza europeia com Nikolai II da Rússia, Geórgios, príncipe da Grécia entre outros foram tatuados por mestres japoneses.

Somente na década de 40 do Século XX é que a tatuagem foi finalmente liberada no Japão, mais ainda hoje guarda uma aura marginal e pessoas com tatuagem ainda não podem frequentar alguns locais sem antes esconder suas tattoos. O curioso é que esta arte tão obscura em seus pais é admirada e respeitada em todo mundo como uma das mais importantes manifestações artísticas daquele povo.

O Horimono, como é chamada a tatuagem japonesa por seus mestres, guarda um rico código de construção dos elaborados desenhos, bem como uma rígida disciplina no processos de apredizado, que dura até cinco anos. Nomes como Horihide e Horiyoshi I mantiveram acesa a chama do Tebori, tradicional método de tatuagem que utiliza varas de bambO com agulha no lugar das máquinas, e deixaram grandes discípulos como o respeitado Horiyoshi III, uma da lendas vivas da tatuagem oriental.













domingo, 12 de abril de 2015

MOKO a Tradicional Tatuagem Maori



Conta a lenda que um jovem guerreiro de nome Mataora viajou a o mundo místico de Rarohenga para trazer de volta sua amada Niwareka. Depois de muitas dificuldades para chegar ao seu destino Mataora aprende a arte da tatuagem com Uetonga, seu sogro, que aplica uma tattoo facial de nome Moko. Ao retornar com Niwareka a terra dos homens, Mataora ensina a arte do Moko ao povo maori.

Para alguns estudiosos a arte da tattoo na polinésia tem sua origem nas ilhas Fiji , onde supostamente se localizava a lendária Rarohenga e foi trazida a Nova Zelândia através da aventuras marítimas realizadas pelo povo maori.

A tatuagem tradicional maori, ou Moko, é feita com uma espécie de ancinho com uma agulha chamada uhi feita de ossos de albatroz que é percutido com um pequeno martelo aplicando a tinta vegetal na pele. O Moko além da pigmentação apresenta relevo, resultado do corte feito para introduzir o pigmento.

A simbologia do Moko está associado a posição que o individuo ocupa na sociedade. Os desenhos na face aponta a tribo, descendência, profissão, nível social e nome do tatuado narrando toda sua trajetória ancestral. O Moko tradicional só pode ser aplicado em pessoas da etnia maori, no rosto braços e pernas nos homens, e braços e queixo nas mulheres, sendo considerado um ultraje um  Pakeha(branco) utiliza-la.

A arte do Moko foi pela primeira fez mencionado no ocidente através do alemão Abel Tasman (1642) em suas viagens pelo pacifico, mas foi capitão inglês James Cook que trouxe a Europa as primeiras amostras dos desenhos maori, que ele chamou de tatau, devido ao barulho da percussão do ancinho sobre a pele.

Com a popularização das tatuagens tribais nos anos 80, ouve um grande interesse pela tatuagem maori com seus intrincados grafismo como o koro, as espirais duplas ou tripas. Para não desrespeitar a cultura ancestral foi utilizado um estilo de padrões chamado Kirituhi (pintura em carvão) de valor puramente estético para a customização de tatuagem tribal.
Atualmente se costuma chamar qualquer tribal de Maori, foram várias as tribos que desenvolveram a arte da tatuagem, os samoanos, marqueses, o povo de Fiji. Entretando a tatuagem Maori é unicamente aquela produzida pelos indigenas da Nova Zelandia.


Sóstenes Lopes